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Drogas na minha Família?! De quem é a Culpa ?
O uso abusivo de substâncias como álcool e outras drogas deve ser retratado como dependência química uma doença demarcada e catalogada na CID da OMS
E agora? A pessoa que tanto amo se envolveu com drogas! Como posso impedir isso? De quem é a culpa? -Com certeza dever ser por causa das más companhias. Meu familiar não é criminoso esse comportamento inadequado deve ser por influência destes marginais com que ele(a) está se relacionando… Essa são algumas das equivocas perguntas que muitos familiares fazem quando descobrem que seu marido ou esposa, filho ou filha, ou qualquer ente querido está fazendo uso e abuso de drogas lícitas ou ilícitas, ou seja, usando drogas.
A sensação é que tudo em volta ruiu, a pessoa amável que conviveu a vida inteira começa a ter comportamentos não sociáveis, cometer pequenos delitos, tem sua personalidade mudada e sua rotina alterada. Todos que estão em volta acabam sendo vítimas do descontrole, a situação fica insuportável. É justamente nesse ponto que começamos a ficar doentes também e, pior, tornar se refém da doença alheia.
DOENÇA?
Sim, doença a dependência química é uma doença progressiva, incurável e fatal. Consta no DATASUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde) e está relacionada com CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) F10 ao F19 para os Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substância psicoativa
Fonte: (http://www2.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f10_f19.htm)
Dependência Química não é desvio de caráter
O Presidente da Associação Projeto Respeitar, José Luiz Rosa, que coordena a Comunidade Terapêutica São Francisco de Assis há quase 20 anos explica que o uso abusivo de substâncias como álcool e outras drogas deve ser retratado como dependência química. Termo usado desde 1964 quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) introduziu o termo “dependência” para substituir o termo vício. Mais tarde, em 1967, o termo “alcoolismo” ingressou pela primeira vez no Código Internacional de Doenças (CID-8). “Até então não se entendiam as dependências como uma doença, mas sim como um desvio de caráter, falta de personalidade ou de força de vontade. Muitas vezes os usuários eram chamados de bêbado, viciado, drogado entre tantos outros termos perjorativos” A dependência, seja ela qual for, não se desenvolve por uma escolha, mesmo porque o dependente não tem controle sobre este desenvolvimento, já que o uso continuado de qualquer substância psicoativa provoca uma modificação no funcionamento cerebral.
Embora a doença da dependência seja aplicável a todas as classes de substâncias psicoativas, há diferenças entre os sintomas de dependência característicos de cada substância. Um dependente químico tem um desejo incontrolável de consumir a droga, aumentando a quantidade do uso com o passar do tempo para se conseguir o mesmo efeito.
Ao passo que ao tentar diminuir ou interromper o uso surgem sintomas de desconforto psíquicos e físicos e frequentemente para aliviar esses desconfortos acabam usando mais droga. Pode haver uma tentativa ou o desejo de parar ou diminuir o uso, mas ainda sem sucesso
A mudança do comportamento do dependente é uma caminhada carregada de conflitos, sendo essencial a utilização de todas as condições disponíveis para auxiliar o sujeito a se engajar num processo de recuperação.
Portanto, apontar o dedo, procurar culpados e estabelecer julgamentos não é saudável. Explica José Luiz recomendando que para ajudar pessoas que se encontram nesta situação o melhor a fazer é a não acomodação dos familiares que devem buscar auxílio especializado, engajamento no processo terapêutico, identificação preventiva e o acompanhamento ao longo prazo.